20 cêntimos de reais (cerca de 0,07 dólares) foi a quantidade de aumento na tarifa de transporte público que deflagrou uma onda de protestos em todo o país.O Brasil tem uma das taxas mais caras de transporte público do mundo (consome cerca de um terço da renda da família) e, ao mesmo tempo, um sistema de transporte muito precário, superlotado de propriedade de um pequeno grupo de empresário, um tecido urbano quase o entrar em colapso devido à falta de planejamento e de um espaço público seqüestrado pelo setor privado – estradas e rodovias assaltado pela indústria automobilística e da distribuição da terra cidade ditada pela especulação imobiliária.Neste cenário, o aumento da tarifa é muito mais do que 0,20 centavos: ela interfere diretamente na mobilidade das pessoas e, na cidade, com uma população de 28 milhões em São Paulo, torna-se uma questão de privar o acesso da população aos serviços básicos direitos, tais como a escola, o hospital, o teatro ou a casa do pai.

Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra -15/08/2013
Em resposta, o Movimento Passe Livre gratuito, conhecido como MPL, chamado sucessivos protestos na cidade, usando táticas de ação direta, barricadas principais rodovias e avenidas na hora do rush, para reivindicar a revogação da caminhada.As marchas receberam enorme repressão policial.A Polícia Militar usou gás lacrimogêneo, balas de borracha e outros chamados “armas não letais” contra os manifestantes.Imediatamente após os confrontos, a Internet foi inundada com relatórios, vídeos e imagens de manifestantes feridos e jornalistas, prisões arbitrárias, abusos verbais, física e sexual por parte da polícia e os protestos se espalharam rapidamente por todo o país.A informação que circula na internet desempenhou um papel importante na mobilização de mais e mais pessoas, apesar do esforço do grande mídia para diminuir a luta, por custume, a criminalização e chamando repetidamente manifestantes de “vândalos” e segundo por tentar impor uma agenda vaga e genérica para o levantes populares, como “protesto para ter o direito de protestar” ou “contra a corrupção”.É evidente que quanto mais pessoas se uniram à marcha, o mais abundante foram as reivindicações, mas é interessante notar um nível comum e profundo de descontentamento com o sistema como um todo e uma rejeição geral da política partidária.Este contexto revela, assim, que três níveis de lutas estão sendo realizadas ao mesmo tempo: em um nível, há a luta concreta direta contra uma medida política levou pelo governo sem a consulta popular, em outro nível, há uma crise clara de representação na esfera política e, finalmente, há uma disputa para as narrativas desses eventos.

Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra -15/08/2013
Questão local, problema global
Surpreendendo os que acreditavam nas imagens de prosperidade do Brasil que a cobertura da revista estampado em todo o mundo, a onda de protestos simplesmente botou tudo em cheque.Todas as narrativas e mitos do progresso e democracia de repente estavam em crise.Isso porque lutando contra um pequeno aumento da tarifa, envolveu um debate muito mais complexo estrutural do que possa parecer.Questionar tanto o sector público e privado, expondo a relação promíscua entre os dois.Em primeiro lugar, os protestos confrotaram diretamente um Estado que é incapaz de proporcionar serviços públicos de qualidade vendê-lo para o setor privado e que opera em uma lógica que não só garantir o lucro dos empresários, mas também usa a sua força coercitiva, sua polícia, para defender o lucro destes elite, quando a população se levantar contra ele.Em segundo lugar, enfrentou os interesses desses conglomerados que possuem e capitalizam os serviços públicos – interesses que são sempre priorizados quando comparados com as demandas populares.A mobilização em torno do específico, “pequeno”, como muitos dizem, o problema do transporte expôs uma dinâmica muito mais complexa: a tendência do capitalismo global que comodificar todas as esferas da vida, combinado com o gabinete do espaço público, a desmantelar de serviços públicos (cuidados de saúde, educação, transportes) e do aumento do poder político autoritário.Nesse sentido, a luta mostrou que um problema específico surge como um sintoma da irracionalidade do sistema como um todo.0,20 centavos foram suficientes para mostrar o quão irracional e incoerente é o sistema.Uma demanda simples perturbou os interesses econômicos hegemônicos e despojado os impasses dos problemas estruturais que divulgaram a inconsistência de um sistema inteiro.A insurreição popular em torno de um pequeno pedaço, revelou os limites do capitalismo, problematizando um mito de prosperidade que se baseia em tabelas, planilhas e decisões “técnicas”.Ele questionou o cerne do problema: a combinação de muito celebrada no Brasil, o crescimento econômico capitalista com um profundo processo de desintegração social.
Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra -15/08/2013

Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra -15/08/2013

Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra -15/08/2013

Brazil takes off – Artigo escrito por: Clara Ianna Fotos (na edição impressa): Mídia Negra *Tradução do artigo publicado na revista virtual Political Critique (Polonia)15/08/2013
É importante dizer que apesar do esforço da mídia e suas considerações as mobilizações e a circulação de uma contra-informação através da Internet, a população juntou-se cada vez mais nas ruas.E, mais uma vez, como os manifestantes ganharam o apoio de uma grande parte da população, mídia brasileira tentou intervir, mudando seu próprio discurso.Especialistas começaram a chamar os jovens a ir para as ruas vestidas de branco, para pedir a paz, lutar por um “melhor do país” e contra a “corrupção” em uma clara tentativa de manobrar e despolitizar as demandas das revoltas.O endosso da mídia com sua agenda abstrata e vaao, fazendo proselitismo do país como um problema “acima de todas as” questões, havia contribuir para um tom cada vez mais nacionalista que vieram os protestos.Em suma, criminalizou e desqualificificou axs revoltodxs chamando-xs de “vândalxs”, ou tentar impor um conjunto fabricado de reivindicações genéricas, a mídia corporativa está tentando construir uma narrativa que ressoam os interesses das elites.Assim, além da luta para questões políticas e econômicas concretas, o que também está em jogo é uma luta urgente para a significação desses acontecimentos políticos, que está constantemente a ser seqüestrados pela mídia.É uma disputa sobre o significado do gesto, rejeitando o monopólio dos meios de comunicação como o poder que mediar a realidade e explicar o que isso significa e confrontando as estruturas discursivas que moldam a maneira pela qual o fenômeno é compreendido.É uma disputa política para a narrativa e para o significado dessas lutas, em outras palavras, é uma luta para a História.
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(A)